Imergir, reconecta-se in natura, RECOMEÇAR.
- Musatrip
- 23 de fev. de 2023
- 6 min de leitura
Atualizado: 3 de mar. de 2023
Depois de um longo período longe desta plataforma, ausente em meus textos, observações, reflexões acerca de mim e do submundo museal, retorno a este espaço de escrita livre, às vezes poética, [sempre] intencional, e sempre museológica (ou na tentativa!).
Retomo minhas observações: sobre exposições ou lugares, vivências e experiências, de forma já trilhada antes, seja textual e fotográfica, de maneira mais palativa; a minha volta posso dizer que foi me forma perfeita, imergindo, desconectando-me de coisas e reconectando-me comigo, com o Criador, então esse post é muito mais do que uma reflexão, uma sugestão sobre um lugar visitado, sob a perspectiva museológica, museal. Recomeço neste momento, escrevendo livremente sobre esse processo [que ainda estou nele] de redescobrir meu âmago, minha substância, de recomenço, inserida em um cenário familiar, A NATUREZA e de como ela aciona memórias, sejam elas boas, marcantes, ou não; o recomeçar em uma nova terra e experenciar todos os processos que será necessário para a caminha pessoal e por que não dizer também museal.
Josué 1:9 Lembre-se da minha ordem: "Seja Forte e Corajosa! Não fique desanimada, nem tenha medo, por que eu, o SENHOR, estarei com você em qualquer lugar para onde for!"

Nasci urbana, numa cidade capital, aclamada pelas comemorações culturais, pela comida e pelas águas quentes das suas praias em toda extensão marítima, Salvador, cidade capital da Bahia, e que por um período na história do Brasil, foi a cidade fortaleza, pronvícia da Coroa Portuguesa.
Cresci boa parte da minha vida, em contato com casas, prédios, poluição, vida agitada, e como uma urbanista a tendência é residir nessa bolha limitada e confortante [ainda que ilusoriamente]. Mas embora citadina, tive o privilégio na infância de passar as férias escolares, em contato [está imergida] com o mato, a roça, o meio rural, a natureza e tudo que este cenário dispõe para os reconcavianos e os provisórios.
Lembro-me que nossa aventura, minhas e de meus cinco primos paternos, começava dia 05 de janeiro e se estendia por todo o verão, aproximadamente 56 dias com pouco contato com meio urbano, imersos no submundo da vida rural, viajavámos com a vovó Nita [conhecida por todos da comunidade rural Boca da Mata como Nita de Beca] para sua casa de sítio, Coração de Maria e Menino Jesus [católica, apostólica, fevorosa como muitas avós de cabelo grisalho, rsrs]
A casa de arquitetura casa de campo, dentro do cenário Brasil, com varanda em formato de L; sala; cozinha padrão e cozinha de lenha [ aos fundos, que tinha sempre uma grande panela de alumínio, com marcas de carvão, que esquentava água para os banhos à noite]; dois quartos e meio e um grande terreiro [área externa próxima a casa, onde geralmente há pequenas construções como: galinheiro, cisterna; tanque; e uma extensa área verde, com todo tipo de plantas, árvores frutíferas, uma mangueira com um balanço; cachorro, porcos e animais que todo singleo agrilcultor detém em sua propriedade, no Sítio Coração de Maria, crescemos em contato apenas com as galinhas, peixes e passarinhos; mas na casa do vovó Aristoteles, era possível ter contato com mais diversos animais, hoje aos 30 anos, diria que era o mais próximo, ainda que em pequeno recorte, do gênesis, havia vacas, porcos, bezerros, plantas, frutas, sapos [tamanhos e diferentes colorações].
A casa da vó Nita, tornara-se o meu lugar de paz, refúgio, eu só conseguiria identificar anos mais tarde, no início da minha juventude, que eu poderia ir pra qualquer lugar no mundo mas que nenhum outro teria o poder de trazer e fazer em mim o que este lugar faz, conecta-me com o criador; enquanto criança, a palavra era diversão; na adolescência era liberdade mas aos 19 anos que entendi que era o meu lugar de paz neste mundo, e usei uma frase por anos nas minhas redes sociais: urbana com a alma rural.
Em todas as férias da universidade, eu fugia para a casa da vovó, a minha alma anseiava por um desligamento total com a cidade, com a agitação da vida, necessitava imergir e reconecta-me, com Deus e com minha jornada. As noites serenas e frias, com aquele céu, que por vezes limpo ou estrelado, a imensidão escura me confortova e eu era preenchida e reconectada a minha identidade, IMAGO DEI!

Uma das definições sobre o mundo natural, é que aquele onde seres humanos vivem independente das atividades humanas, a natureza para mim é a mais sublime obra já realizada por Deus, detalhista, perfeccionista e de amor, é nesse ambiente, natural, que o criador, encontrava-se com a criação mais única e complexa, na viração do dia, para construir relacionamento [Gn: 3:8] e que devido ao pecado, perdemos essa conexão. Deixamos por longas décadas e acredito que para alguns isso ainda demore a fazer parte do sua rotina, a apreciação desta vasta criação; a natureza e tudo que ela nos oferece: o nascerdo sol, a chuva e o cheio que dela sobe as nossas narinas; as aves que voam no céu; a imensidão e resistência de árvores; os mares; o pôr-do sol e entre outras coisas. Em Salvador, sempre tinha o hábito de vê o pôr-do-sol, depois de um longo dia de aula, ou de trabalho, acrescentei na minhas lista de hábito, no segundo ano da pandemia [COVID-19], acordar às 04:30 para assistir o nascer do dia, eu jamais conseguirei descrever em palavras o que esses dois momentos do tempo produzem em mim. Em maio de 2022 recebi um direcionamento de Deus, como em gênesis 12:1-2 sai da tua terra, tua parentela e da casa dos teus pais, para terra que te mostrarei; e nesta terra, que nunca esteve nos meus planos mas sempre esteve no mapa d'Ele para minha vida, após 4 anos, sem viajar para o Coração de Maria, aqui nesta terra ele me conduziu para reconecta-me novamente com Ele.
" - Que a terra produza todo tipo de vegetais, isto é, plantas que deem sementes e árvores que deen frutas!" [Gn. 1:11]

nascer do sol, 05:40 am - Paty dos Alferes
Residindo já há 9 meses na cidade do Rio de Janeiro, ainda sem uma imersão com meio natural, mas em uma conversa despretensiosa com os novos amigos cariocas [de nascença ou de alma], decidimos passar um final de semana, distante da agitação da cidade, no período festivo de carnaval, o lugar escolhido:
Paty dos Alferes, proximidade de Miguel Pereira/RJ
no Sítio Arco-Íris, uma casa no alto de uma colina, de arquitetura campo, com sala, cozinha, três quartos, banheiros, sauna, sala com mesa de pigue-pongue; piscina [isso teria sido maravilhoso na infância lá no sítio Coração de Maria, mas tínhamos opções como: nossa "piscina" natural era o pequeno lago onde geralmente dávamos banho nos bezerros, vacas, então preciso dizer que sempre saíamos com coceiras e a vovó tinha dor de cabeça com nossas travessuras, ou então em dias muito quente, aquele velho e bom banho de mangueira, ou os maravilhosos banho na chuva. Posso afirmar, os netos de dona Nita tiveram uma boa infância, graças a ela, e eu serei sempre grata por todas as férias que desfrutei ao seu lado e ao lado dos meus primos] & uma grande árvore com balanço, sim, ele é um Deus de detalhes.
Arco-Íris, foi o meu lugar de imersão, reconectar totalmente in natura, embora tivesse wi-fi optei por desfrutar a presença das pessoas e além de tudo, do tempo, separado e escolhido, por três dias. A jornada até chegar a ao sítio, familiar: aquela velha estrava de terra vermelha, de barro. Essa estrada, informal, familiarizada e memorável; nos momentos afavéis da infância, como também dos mais difícies da minha vida; passar novamente por uma estrada de barro, era a gênese do processo; uma casa "no meio do nada" oferecendo-me o TUDO que precisava naqueles dias, e escrevendo-lhes este texto, confesso, que nunca conseguirei mensurar ou expor, em palavras, o quão profundamente eu fui reconectada, ministrada, exortada, envoltada daquela imensidão verde, colorida. Da beleza em contemplar o nascer do sol [imagem acima]; o entardercer, o banho de chuva [eu disse que Deus é detalhista] então eu percebi que durantes anos declarei e cantei essa canção, até ela fazer sentido:
Senhor meu Deus, majetosos é teu nome em toda terra
Os céus declaram és grande, os montes se prostam a ti,
Os mares exaltam seu nome, toda terra cantar
Eu darei meu louvor
Os céus declaram és grande, os montes se prostram a ti, os mares exaltam seu nome, toda terra cantar, eu darei meu louvor!
Escrever sobre viagens, passeios, museus, exposições é uma prática que tornou-se intríseca e natural, mas confesso que durante o periódo pandêmico os altos e baixos foram enfrentados por todos, ou uma grande maioria, refém da tecnologia, deste mundo visceral. Ao escrever minhas observações a partir de minhas experiências com um olhar direcionado para a minha formação, o intuito é descontruir barreiras e preconceitos acerca de instituições, espaços culturais que muitas vezes não é a realidade de muitas pessoas, e que não era a minha durante uma época da minha vida. E como eu sei que [pelo menos não na minha vida] nada é por acaso, para este retorno eu tinha que começar a imergir em algo que me reconectaria comigo, com alguns projetos de vida, colocado numa gaveta em virtude dos altos e baixos de uma sociedade [ou melhor, uma parte desta] que lidou com a pandemia do COVID-19.
Para quem está chegando agora, nest post, seja bem-vinda (o), espero que através das minhas lentes 1,66 você consiga imergir, fluir, liga-se, e construir conexões, memórias com os espaços, lugares, exposições que irei compartilhar através de textos e iconografia.
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